Você já pensou que em tempos de ameaça de escassez de recursos, a indústria deve enxergar o lixo como matéria-prima para novos produtos? Milhões de toneladas de lixo ainda são descartados de forma incorreta no Brasil, e a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um motivo a mais para as empresas adotarem a economia circular. Instituída em 2010, a Lei nº 12.305/10 determina a prevenção e a redução na geração de resíduos.
O objetivo da lei é propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos — aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado — e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos — o que não pode ser reciclado ou reutilizado.
A legislação institui ainda a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na logística reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo.
Muitas empresas — da indústria e do comércio — ainda não cumprem a legislação que prevê o recolhimento de resíduos sólidos e é preciso estar atento a importância da logística reversa. Considerando que quase tudo o que exige eletricidade e tem partes móveis terá um motor elétrico, como vácuos, ventiladores, condicionadores de ar, serras, escadas rolantes, portões, eletrodomésticos, máquinas rurais e industriais, é importante entender a melhor forma de descartá-los.
Fique atento às iniciativas da Cemig em parceria com o Sebrae Minas e o BH Recicla e troque seu motor antigo por um novo.
Motores antigos consomem muita energia
Diante dessa legislação, vale lembrar da grande quantidade de fio de cobre e aço que os motores elétricos possuem. Além disso, o fato de serem equipamentos pesados, a prática do descarte dos motores elétricos exige procedimentos corretos, para que não prejudique o meio ambiente.
Empresas que possuem motores elétricos antigos devem estar atentas às questões ambientais e de sustentabilidade. Dentre as vantagens do descarte de motores elétricos com muito tempo de uso, estão a economia de energia elétrica e a modernização do parque industrial.
Para ajudar nesse processo, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em parceria com o Sebrae Minas, disponibiliza o programa Cemig Troca o Seu Motor, que oferece bônus de até 40% para microempreendedores e cooperativas rurais que querem reduzir as contas de energia e renovar o maquinário.
As empresas interessadas no incentivo devem comprar o motor novo, instalar e descartar o motor antigo, com orientação da Cemig e da BH Recicla, respeitando o limite de até 2.000 CVs (cavalos-vapor) de potência para todos os equipamentos. Todos os motores serão obrigatoriamente descartados de acordo com o Regulamento do Projeto Cemig Troca seu Motor. A iniciativa faz parte do Programa de Eficiência Energética — Energia Inteligente, que busca fortalecer a cultura do consumo consciente.
Descarte e sucateamento de motores antigos
O descarte de motores elétricos antigos é de integral responsabilidade da empresa que aderir ao projeto. Está incluído nesse processo o sucateamento e a reciclagem dos materiais, de forma a garantir que o equipamento não seja reutilizado no mercado. A BH Recicla — empresa de destinação de sucata metálica, eletrônica, informática, máquinas, equipamentos e estruturas industriais —, atua na logística reversa, captando a mercadoria, descaracterizando-a e então classificando os materiais, para destiná-los a reciclagem final.
Os motores elétricos devem ser enviados para fabricantes ou empresas especializadas, como a BH Recicla, que ficarão responsáveis pelo descarte, sucateamento, reciclagem e emissão de declaração do processo e termo de compromisso, assumindo que os motores entregues não serão recondicionados e inseridos de volta no mercado.
De acordo com o Kelleson Vitorino, diretor da BH Recicla, no caso dos motores elétricos, o objetivo é reciclar o cobre e o ferro para que eles retornem à indústria em forma de matéria prima. “A BH Recicla é homologada pela Cemig para receber os motores e fazer destinação adequada dos materiais. Temos uma equipe de profissionais treinados para realizar o desmanche dos motores elétricos, respeitando as normas da segurança do trabalho. Eles estão preparados também para captar resíduos, como o óleo e a borracha, evitando a contaminação do solo”, explica o diretor da BH Recicla.
Kelleson Vitorino alerta ainda para a importância da rastreabilidade do processo de reciclagem. “O motor elétrico é rastreado desde o primeiro momento, quando ele chega à BH Recicla. Temos códigos de controle, que auxiliam no acompanhamento do processo de reciclagem, até a emissão da certificação da destinação. Lembrando que o objetivo não é fazer o motor elétrico volte a operar no mercado, mas sim revertê-lo em novas matéria-prima para a indústria”.
Segundo o diretor da BH Recicla, considerando um motor elétrico de 20 CVs de 56 quilos, 4 quilos da sua composição são de cobre e 52 quilos correspondem ao aço. Assim em torno de 7% do peso bruto da sucata do motor elétrico é de cobre e 93% é revertido em ferro.
A BH Recicla tem uma rota de coleta de lixo eletrônico e metálico em Belo Horizonte. Os interessados podem entrar em contato com pelo site.
Responsabilidades da empresa detentora do motor
É de responsabilidade da empresa que vai realizar o descarte: definir os motores a serem substituídos, avaliar o nível de rendimento dos novos motores, decidir a quantidade de motores enviados para descarte, informar o ano de fabricação dos motores antigos, informar o número de horas de operação por ano de cada motor, o número de rebobinagens, fazer a negociação e aquisição do novo motor nas revendas especializadas ou diretamente nos fabricantes de motores e executar a substituição do motor antigo pelo novo de acordo com as exigências do regulamento.
Documentação exigida
Caso a empresa envie os motores diretamente para a BH Recicla, que vai realizar o descarte e a descontaminação dos materiais substituídos, deverá apresentar os seguintes documentos: alvará de funcionamento, licença ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) ou equivalente e certificado de regularidade, emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A empresa deverá ainda citar na Nota Fiscal de simples remessa do motor antigo o seguinte texto: “Produto destinado ao descarte/sucateamento – Projeto Prioritário PEE 002/2015”.
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